Com quem será?

Esperamos que a noiva jogue o buquê de flores no fim da festa, e que uma das solteiras o agarre e seja a próxima a se casar! Nutrimos de forma individual, mas também na vida em comunidade, essa necessidade de sermos notadas e conquistadas. Queremos ser a “sortuda da vez”, mesmo que a cultura atual defenda e grite veementemente que as mulheres não precisam mais dos homens, nem mesmo para se satisfazer sexualmente ou ter um filho. Apesar da frustração generalizada da sociedade com o casamento e da escassez de bons modelos a seguir, o ritual do buquê permanece. Por que será? Por que a ânsia de encontrar alguém especial simplesmente não desaparece?

Deus nos criou de tal maneira que, mesmo com os obstáculos encontrados na construção de um relacionamento satisfatório e duradouro, nosso corpo e nossa alma buscam essa intimidade profunda. Deus escreveu o plano dele em nosso corpo. A Dra. Juli Slattery explica essa herança divina da seguinte forma: “Dentro de cada um de nós há um clamor por intimidade, um desejo de ser conhecido e a vontade de expressar plenamente a alegria do amor. Esses impulsos podem ser reprimidos pelo medo e até mesmo rejeitados por causa da dor que sentimos, mas nunca desaparecerão completamente.” Apesar da sociedade exaltar a felicidade pessoal e amplamente disseminar a filosofia do amor livre, ainda ansiamos pela fidelidade e compromisso, e desejamos nos conectar física e emocionalmente.

Amigas solteiras que desejam se casar, imaginem que essa agonia do corpo e da alma, essa expectativa que vocês sentem de serem vistas e aceitas incondicionalmente é exatamente o que Jesus sente por vocês! Imagine Jesus, vestido de noivo com o buquê nas mãos, se perguntando: “ Será que dessa vez ela me nota? Será que ela vai me aceitar? Ou vai fugir? Será que ela vai finalmente confiar em mim? Será que ela vai continuar perseguindo outros? Ou vai agir como se não precisasse de mim?”. Mais uma vez, visualize Jesus suspirando por você: “Ah, se você soubesse que eu sou suficiente…Quero te conhecer, me relacionar intimamente contigo e que você se satisfaça com a minha presença! Persiga essa comunhão indescritível comigo! Será que você vai me procurar? Porque se você me procurar de todo o coração, você vai me achar!” (Jeremias 29:13).

Em João 4, quando Jesus conversa com a mulher samaritana. Ele diz assim: “Quem beber desta água terá sede outra vez, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna”. (Jo 4:13,14). Tim Keller comenta este diálogo na pregação Sexualidade e a Esperança Cristã, parafraseando a fala de Jesus da seguinte forma:

A não ser que você faça de mim seu único e verdadeiro amor, você fará péssimas decisões tentando encontrar isso, e quando você conseguir, não será capaz de se satisfazer. Faça de mim seu único e verdadeiro amor ou você não conhecerá o amor. O evangelho diz que a sexualidade humana é uma fraca reflexão, uma sombra do que será cair nos braços do Senhor no dia final! É desse amante que precisamos, é desse fechamento que precisamos.

A pergunta sincera que não verbalizamos na igreja é: “O que eu faço com o meu desejo?”, no caso das mulheres que não são casadas. E uma das perguntas sincera das casadas é: “O que faço quando o sexo no casamento não me satisfaz?”. De fato, nossos desejos sexuais não começam instantaneamente quando nos casamos, nem termina no exato momento em que algumas de nós ficamos viúvas. Não existe um botão de “liga” e “desliga” para a nossa sede de intimidade. Apesar de acreditar que existem escolhas pessoais, hábitos e estilos de vida que determinam quais experiências sexuais vamos ter ou não, viver em abstinência sexual por força de vontade é um caminho cheio de ciladas perigosas.

Eu creio que é nesse vácuo de conversa que tantas vezes as mulheres cristãs flutuam buscando respostas, ou afundam sozinhas na rebelião ou autopiedade. Mas, antes de te convidar a encarar os teus desejos da forma mais franca possível, sem medo ou culpa, deixa eu te convidar a olhar nos olhos do teu Criador? Afinal, fomos criadas à imagem dele! A única maneira de lidarmos com nosso desejo sexual de forma a honrar o que Deus nos deu quando nos criou, e honrarmos a sua Palavra no que diz respeito à expressão desse desejo como solteiras e casadas, não é negando a existência dele, nem idolatrando esse desejo, mas buscando um desejo que é ainda maior! Nós cremos e experimentamos que Cristo é suficiente para nós? Ele quer saciar a nossa sede de intimidade, e tantas outras sedes que temos nessa vida à espera da eternidade. Se imagine no poço da narrativa de João 4. Ele está te oferecendo satisfação plena, água que jorra! Eu acredito que a melhor maneira de compreendermos a nossa sexualidade é sentada e acolhida no colo daquele que nos criou, daquele que nos chama pelo nome, que sabe quantos fios há em nossa cabeça e que nos escolheu antes da criação do mundo.

As mulheres casadas já encontraram alguém e foram achadas, terminando com esse pique-esconde do corpo e do coração. Será? Bem, digamos que elas também continuam buscando “algo” ou “alguma coisa” que não encontraram no casamento, ou, pelo menos, pensam que não encontraram. O livro de Cantares, no Antigo Testamento, conta a história de um casal que busca um ao outro constantemente, num jogo de “perde e acha”. E isso deveria acontecer em casamentos saudáveis. Em vários momentos de um relacionamento, o marido e a esposa estão procurando ou reconquistando o que tinham mas foi perdido. Temos essa ideia errônea de que casamento bom é casamento com paixão avassaladora, com satisfação emocional e sexual em todo o tempo. Entretanto, essa ânsia que os cônjuges sentem um pelo outro, o medo de ser traído, o desejo de apimentar a relação, de voltar a ser como era no início, assim como os ciúmes são reflexos da natureza de Deus em nós, do quanto Deus deseja que o busquemos e nos voltemos para ele. É o rastro que Deus deixou nos relacionamentos para nos dizer: “Não quero te perder e não desisto de você!”.  Mas o anseio de Deus por você não é a única parte da história que ele escreveu. Ele também deseja ser amado por você. “Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças.” (Deuteronômio 6:5).

Existe muita coisa em comum entre a sexualidade da mulher solteira e da casada. Não são apenas as solteiras que enfrentam desejos insatisfeitos e tentações sexuais. A luta para se manter a integridade não termina quando você se casa. Suas amigas casadas podem ser livres para fazer sexo com seus maridos, mas isso não significa que elas não estejam lutando contra a insatisfação sexual e emocional, fantasias, pornografia, sentimentos de insegurança, culpa por experiências ilícitas do passado, flertes com outros homens e atração por outras mulheres. Solteira ou casada, viver sua sexualidade sob o senhorio de Cristo será sempre um desafio, mas também uma caminhada de aventura e alegria cada vez que experimentar a provisão de Deus, a suficiência da intimidade com Jesus e o consolo do Espírito Santo. Essa aventura também pode ser vivida em comunhão, crescendo e florescendo com outras mulheres que estão passando as mesmas leves e momentâneas tribulações, enquanto canalizam sua energia sexual na construção do Reino de Deus, de acordo com o que cada uma foi chamada, solteira ou casada.

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