De Glória Em Glória
Vamos continuar conversando sobre o poder do evangelho que transforma todas as áreas da nossa vida, incluindo a nossa sexualidade. No texto Mentoria da Graça, eu introduzo o assunto da ação da graça de Deus na vida do cristão. A graça não tem apenas o poder de nos salvar; ela também nos santifica. A graça nos educa para vivermos uma vida piedosa (fazer o que Deus nos criou para fazer), e para renunciar à impiedade (dizer não para os desejos que não se alinham com os propósitos de Deus).
Pois Deus revelou a sua graça para dar a salvação a todos. Essa graça nos ensina a abandonarmos a descrença e as paixões mundanas e a vivermos neste mundo uma vida prudente, correta e dedicada a Deus,
Tito 2:11-12 NTLH
É muito comum cometermos o mesmo erro que os gálatas, isto é, começar nosso relacionamento com Deus através da fé em Jesus, mas, depois, continuar vivendo como se a obediência fosse capaz de nos santificar:
Será que vocês são tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, querem agora se aperfeiçoar pelo esforço próprio? Gálatas 3:3
O evangelho da graça não age em nós apenas no momento em que Cristo nos aceita, mas o mesmo evangelho continua nos aperfeiçoando à medida que as várias áreas da nossa vida são expostas ao mesmo. Nos tornamos cristãos de uma única vez! Nossa identidade muda imediatamente no momento em que somos justificados pela fé. Agora, somos filhos de Deus (Romanos 8:15,16), temos o penhor do Espírito (Gálatas 4:6), nossa pátria é a celestial (Hebreus 11:13-16), já não há condenação (Romanos 8:1,2)! Entretanto, não somos transformados e libertos de uma única vez. A verdade do evangelho vai alcançando o nosso coração, camada por camada, e vamos nos tornando cada vez mais parecidos com Cristo, até o dia da nossa completa redenção.
E todos nós, com o rosto descoberto, contemplando a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, que é o Espírito. 2Coríntios 3:18
Por exemplo, não temos dificuldades de aceitar que, quando uma mãe é justificada pela fé em Cristo, ela começa a compreender como a maternidade será afetada pelo evangelho. Mas, se você conversar com essa mesma mãe daqui vinte anos e lhe perguntar se o evangelho ainda está mudando sua forma de exercer a maternidade, a resposta esperada será “sim”. Ela provavelmente terá muitos testemunhos para contar sobre aspectos que foram transformados nessa área da vida dela, o quanto ela cresceu com o Senhor, e como não para de ser surpreendida pelo fato de que, até aquele momento, mesmo depois de tantas experiências, crescimento e maternidade frutífera, o Espírito a continua moldando no seu relacionamento com seus filhos adultos.
Também não temos dificuldade de aceitar que, quando nos relacionamos com outras pessoas conseguimos visualizar no exterior o que o Espírito está mudando no interior, pois o fruto do Espírito afeta todos os aspectos de nossos relacionamentos. E quanto mais parecidos nos tornamos com Jesus, mais Ele nos revela os ídolos escondidos no profundo, falsos deuses que precisam ser desentronizados de nossos corações.
Por que, então, quando o assunto é a transformação da nossa sexualidade, agimos como se tivéssemos sido transformados de uma vez por todas no início da vida cristã e alcançado um patamar de excelência?
Por que, depois das primeiras experiências na vida cristã, não continuamos experimentando a graça que educa a nossa sexualidade?
Por que sentimos tanta vergonha, depois de alguns anos caminhando com Jesus, em admitir que ainda precisamos de ajuda para lidar com a nossa sexualidade?
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